29 de novembro de 2009

COMO ERRADICAR ABOBRINHAS


Recebo inúmeros e-mails com montes de asneiras. A principal delas é que tudo é culpa dos brasileiros, que se aqui houvesse respeito, seria diferente. Isso se espalha nos textos metidos a políticos, esotéricos, filosóficos etc. Acho que há muita falta de estudo. As pessoas ou não lêem o básico ou passam lotado pelo pouco que lêem. Há uma ansiedade para emitir opinião, quando tudo se resolveria não apenas com o bico calado (economiza energia), mas com uma leitura atenta ao be-a-bá das ciências humanas. Elas estão a mil sempre se renovando, mas a idiotia paira como algo transcendental e metafísico acima de todas as evidências. Proponho alguns princípios, fundados em leituras, para erradicar as abobrinhas

As pessoas não são, por natureza, éticas ou anti-éticas. A ética faz parte da cultura e a cultura não está no sangue nem nos países baixos. Você forma a cidadania nas pessoas que nascem zeradas, por meio de políticas públicas corretas. Não pode deixá-la à mercê da Xuxa, incentivá-lo a ser top model, ou jogá-la nas garras dos marmanjos milionários e depois vir cobrar atitude.

A corrupção não é uma verruga do brasileiro, é uma imposição do sistema para que a sacanagem possa funcionar. Não adianta fazer campanha para mudar a cabeça das pessoas, elas estão amarradas aos seus algozes. Só quando os algozes forem eliminados ou tirados de circulação haverá alguma chance.

Os governantes não são eleitos por nós, eles são impostos por um esquema perverso da política engessada (sem mobilidade). O voto útil, a manipulação das urnas e a mentira sob todos os disfarces são formas de terceirizar a responsabilidade para a massa. A culpa é deles, mas fica sendo nossa.

O Jesus que os fanáticos pregam nas praças e nas portas da nossa casa não existe. É uma contrafação, um personagem para arrecadar dinheiro e os loucos exercerem sua loucura. Jesus é outra coisa, está nos textos do Novo Testamento, lidos com olhos livres, ou à luz da melhor teologia e não sob a peneira da imbecilidade fundamentalista.

As grandes potências são ricas não porque as pessoas que vivam nelas sejam honestas e trabalhadoras, ou pertençam às raças superiores (conceito ainda vigente, apesar de desmoralizado), mas porque um sistema de arrecadação, formatado há séculos por meio de muita guerra e carnificina, tunga os recursos mundiais, que são carreados para as principais praças financeiras do mundo. É por isso e não porque aqui todos queiram levar vantagem em tudo.

A violência é fruto da luta de classes, intensificada pela crueldade do sistema. Não é porque as vítimas mereçam levar ou os direitos humanos só defendam bandidos. Quando não há distribuição de renda, os despossuídos tomam à força. É assim que funciona.

A toda hora alguém me manda um beijo no coração. Já disse que coração não se beija, suja a boca de sangue. Beije o catchorrinho, o cacto, a sarjeta, não o coração. Se tem uma abobrinha recorrente é essa.

Lula comete erros crassos e está levando o país à ruína. Não adianta tapar o sol com a peneira e dizer que tudo nele é muito engraçado. Trata-se de um sujeito sinistro, assim como quem o admira e o apóia. Isso se estende para a maioria dos outros políticos brasileiros, de FHC a Sarney. Eles não são frutos do Zé Povinho, são agentes da tunga internacional, anti-Brasil e anti-povo.

RETORNO - 1.Imagem desta edição: bonde de Santa Teresa, cheia de povo brasileiro dentro. 2. Cesar Benjamin feriu de morte o esforço de transformar Lula num líder messiânico. Foi na hora certa. A história é de autoria do próprio Lula, foi divulgada por Benjamin na Folha e confirmada por Silvio Tendler, que defendeu o presidente dizendo que tudo era piada. O que deixou Tendler furioso foi a declaração de Benjamin de que "não lembrava" do seu nome. Isso é mortal para um marqueteiro. 3. Caiu enfim a ficha. "Descobriram" que a ditadura foi civil-militar. Agora todos podem falar o que digo há anos aqui no DF, pois existe "gancho": o documentário Cidadão Boilesen, sobre o executivo do grupo Ultra que financiou a tortura junto com outros empresários na Operação Bandeirantes.

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