15 de novembro de 2009

ESCÂNDALOS NACIONAIS


Os escândalos existem porque vivemos numa tirania maquiada de democracia, porque esse sistema político é uma porcaria, não porque o país não preste. Neste 15 de novembro, data da Proclamação da República, como nos ensinavam na escola, devemos encarar o Brasil de frente, país que herdamos inteiro e vamos deixar aos frangalhos para nossos descendentes. Basta selecionar alguns exemplos.

Hugo Chavez recebe a presidente do grande país do norte, o estado del Gran Pará. Ambos assinam vários acordos e convênios. A estadista chegou em Caracas com sua comitiva. Contra o Grão Pará se fez uma guerra, a da Independência, já que esse país à parte não queria se submeter ao Rio de Janeiro e preferiu ficar sob as ordens de Lisboa. Mas isso tinha acabado no século 19. Volta no século 21 porque o Brasil, via presidente Lula, não pára de ser roçar em Chavez. Vai tudo acabar em guerra, pois é contra o Brasil a guerrinha que Chavez está preparando, não contra os Estados Unidos. Ele quer um naco da Amazônia, que pertence ao seu vizinho, El Gran Pará. Brasil, que Brasil?

Pilastras gigantescas do Rodoanel caem logo depois do apagão. Todos sabem, o apagão é petista, o Rodoanel é tucano. Se for o que desconfiamos, uma luta de foice entre duas forças políticas, vamos nos preparar. Já tivemos o grande massacre do PCC em São Paulo na véspera das eleições em 2006. Se o país começar a apagar e as obras a cair, estamos fritos. Um detalhe é a decadência da engenharia nacional: cai metrô, cai Rodoanel, estradas despencam, nada fica em pé. A política está contaminando a técnica?

Shakira e Madonna, que ganham a vida sacudindo a genitália em frente as câmaras e por isso são incensadas como grande artistas, fazem carinhas de sérias e se apresentam como ongueiras que dizem beneficiar pessoas carentes. Madonna parece que está arrecadando dinheiro para ensinar Cabala para as crianças (!). Quem sacode as partes pudendas e simula orgias sexuais para ganhar a vida pode se arvorar a ser assim uma espécie de líder espiritual? Até onde vai a desfaçatez e a falta de escrúpulos? Madona chega numa favela e diz que está amando a visita. Claro, um nababo brasileiro lhe repassou 7 milhões de dólares! Deveriam todos sentir vergonha. Cada vez entendo menos.

Deputado do Amazonas que se elegeu graças a um programa de televisão sobre crimes, fazia parte de um grupo de extermínio. Os casos eram reportados pelo seu programa. Descoberto, foi preso. Agora seis testemunhas foram assassinadas depois de prestarem depoimento. Não canso de dizer: o país é uma ditadura, a Justiça não garante nada a ninguém. Quando as instituições não funcionam, os partidos se engalfinham em luta bandida, quando policiais fazem parte de esquemas de corrupção e mortandade, quando os políticos são flagrados em inúmeras falcatruas, então é porque temos um sistema político que pode ser qualquer coisa, menos democracia. É uma tirania pura e simples, que faz gato e sapato da cidadania.

Enfermeira mata bebês com alta dosagem de sedativos em Canoas. Há algumas semanas, uma criança foi torrada no microndas aqui em Santa Catarina. A crueldade assombra o país incensado como grande fenômeno na economia. Enquanto em Paris Lula é abraçado por Sarkozy, que está faturando uma baba conosco, e diz coisas como “não permitiremos que Obama”, a vida não vale nada no Brasil. Espíritos brutalizados, amontoados de gente no lugar de uma sociedade organizada, eis o que somos, nesta quadra da vida em que deveríamos ter tudo para um mínimo de felicidade. Ah, esqueci. Tem muita gente “sem medo de ser feliz”. Diante dos escândalos nacionais, deveríamos ter, pelo menos, vergonha dessa alegria de araque, em que se mata e se morre a todo instante.

RETORNO - 1. Imagem desta edição: Proclamação da República, de Benedito Calixto. 2. No Mais! deste domingo, dia 15/11/09, José Ramos Tinhorão se diz arrependido de ter chamado Villa-Lobos de "maestro da ditadura". E lembra que foi uma das 40 mil vozes no Maracanâ regidas pelo gênio. Mas não abre mão de ver algo sinistro na relação entre a Era Vargas e o compositor maior do Brasil: acho que houve "uso", que o maestro usou o governo e vice-versa. Não é capaz de identificar uma sintonia entre os dois projetos, ambos do Brasil soberano. Tinhorão não leu a carta (ou não deu importância)de Villa-Lobos a Getúlio, que publiquei aqui. Quando há algo ruim, atribuem a Getúlio. Quando há algo bom na época de Vargas, aí tem. Até quando essa calúinia persistirá?

Nenhum comentário:

Postar um comentário