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26 de novembro de 2009
SOMOS (40 ANOS DE UM POEMA)
Nei Duclós
O cinismo é o nosso destino
a desilusão nosso início
a paz nossa inimiga
Investe quem sobrevive
sorri quem acredita
na vitória tardia
(a única disponível)
Nascemos para ser assassinados
somos uma espécie de fim da tarde
RETORNO - 1. Este poema foi escrito em 1969. Reproduzido em pincel atômico (tinta preta) em cartolina branca, foi exposto nas praças da Alfândega (Porto Alegre), da República (São Paulo) e General Osório (Rio), no mesmo ano, e publicado no Caderno de Sábado do Correio do Povo, de Porto Alegre. Desde 1975, faz parte do meu livro Outubro. São 40 anos de uma profecia. Não queria ter acertado tanto.
2. Imagem desta edição: o assassinato de Edson Luís em maio de 1968. Sobre esse crime escrevi, na época:
CANTO PARA EDSON LUÍS, O MENINO MORTO
Nei Duclós
"Cortinas de grosso veludo
nas janelas do mundo
olhos claros se apagam
com rajadas de chumbo
Foi um corpo que tombou
onde corpos tombam
numa guerra em desassombro:
façam fogo
Enterramos nossa espera
Teu corpo flechado
morreu com ela
Caminhamos cobertos de luto
as facas da dor
abrem sóis no veludo".
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