25 de janeiro de 2009

O PÉ NÃO TEM NADA A DIZER


Nei Duclós

O texto balança ao som da bagunça
O poema se lança em fogo fátuo
O ensaio dança, a gramática ronca,
O romance é uma sesta no mormaço

Há um estudo solto atrás da estante
Cem livros não lidos sem descanso
Uma carta à espera de tratamento
Um grupo de sonetos tomando mate

Fevereiro é o mar que afoga as letras
Os blocos de rua dispensam as frases
A fúria do entrudo mastiga as páginas

Tudo fica nu e mudo em meio à voragem
O corpo ostenta a glória que lhe chupam
E o pé tropeça quando pede passagem


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Juarez Machado.

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