Nei Duclós
Você emociona pelo que seleciono de ti? Esse rio amigável
onde passamos a tarde como paisagem pintada por um pintor de Paris?
O que fazer quando tuas águas invisíveis apontam o abismo? O
leito que guarda criaturas carnívoras? As margens desmatadas pelo sofrimento?
As ilhas que não me acolhem? Terei de abandonar o que nos une e abraçar o medo
que nos distancia?
Sentirei remorso por ter sido alheio ao que tinhas oculto
aos meus olhos? Será o conjunto um defeito e a seleção a virtude?
Somos inviáveis como civilização. Não cabemos no mesmo
espaço. Eu também escondo o pior pedaço. Não quero que ele encontre teu mar de
sargaços.
Talvez a solução seja a arte que leve toda a nossa natureza
para viagem.
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