17 de setembro de 2016

BLUES

Nei Duclós

Imponho o ofício, que me ocupa
e só faz sentido se compartilho
ilha de sílabas, bruto mergulho
no sabor de um ritmo, o blues

Solo a palavra, espicho estribilho
sina sonora de tambor partido
nada escuta na cortina noturna
espessa neblina de penumbras

Alma estirada junto ao ouvido
o som se desdobra nas quebradas
de longe conhecem a marca do crime
é a canção sussurrada, criatura

Toco de novo, no piano ou radiola
o palco suado de versos estranhos
ninguém dá valor a não ser o comboio
de dores humanas, rude convívio

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