Nei Duclós
A gaveta é o critico do poema
no dia seguinte tudo soa falso
evita que se publique o furo
Depois o verbo se aplica
nos limites do impossível
fora do inacessível
Troca o destino escuro
pela clareza, mesmo
que achem um porre
O poeta não é tudo isso
mas é isso tudo
BEIRA
Quis me expressar sem auxilio
da emoção e consegui
Mas foi em vão.
Nada colhi dessa opção.
Prefiro a beira do rio,
lá onde vinga o sonho,
que a imaginação inventa
para haver sobrevivência.
PASSA VOANDO
Agosto passa voando
levando o inverno no dorso
passa o condor do desgosto
venha a pomba da bonança
Se és tão pelo avesso
quando me vês desconfias?
Ou somos do mesmo forro
solidão que encontra o dia?
QUERIA
Queria que fosse real
E não uma fantasia
Cansei de viver no cais
navio que criou raízes
ESTOU
Estou em lugar nenhum
De um tempo qualquer
Chego de onde parti
Toda viagem é em vão
SOU
Sou arqueólogo do futuro.
Descubro o que será ruína,
esse amor que pega fundo.
MANTIVE
Mantive todos
os meus amigos
Por comodidade
Tenho preguiça
de fazer as pazes.
ESQUECI
Esqueci de dizer
O que te disse
Era tolice
Do bem querer
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Salvador Dali.
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