Ler é abaixar a cabeça. Ficar quieto
em meio ao concerto, avessa partitura
Amarrado na montanha, fora do ninho
o olhar assume a vocação da leitura
É quando a letra alça voo sem o laço
que a prendia e o texto se esparrama
como pensamento sobre a terra bruta
e o abutre do verbo descobre o fígado
Disso se nutre, o espírito cheio de gula
da sabedoria concentrada na cultura
roendo bibliotecas, pondo fogo nos dias
lareiras inflamadas de madeira escura
Nariz empinado pontifica, faz alarde.
A cabeça ágrafa não precisa de convite
se basta, enquanto o sábio aguarda
na chão batido e sóbrio da aventura
RETORNO - Poema escrito dia 5/01/2016. Publicado no face por um dia, depois foi tirado, para ser postado novamente hoje, dia 14.
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