27 de julho de 2015

FLOR DE FOGO



Nei Duclós

Acontecemos, assim estava escrito
Só existir já é o evento
as obras chegam com o destino
que é a vontade mais o carisma

Persistimos, como grãos no deserto
que medram no sopro da areia
grudamos nas pedras, meras palavras
e brotamos espinhos na lua cheia

Em vão digo adeus, há sempre encontro
o tempo é rodízio e redemoinho
hoje me negas, amanhã me entregas
puxando água do catavento

Somos a varanda sobre o horizonte
colocamos as mãos acima do rosto
vemos distante o trem do socorro
juntamos a lenha para outro fogo


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