8 de julho de 2015

A SAIA E O VENTO



Nei Duclós 

Trate-me com respeito
disse a saia para o vento
Nem pense ver o que trago
por baixo do pobre pano
As pernas, o algodão doce
o arrepio da penugem
a longa curva até o joelho

Não alimente tua espreita
querendo coisa ao acaso
se existe saia há prudência
não estamos a passeio
Andar na beira da praia
é obedecer a agenda
chamar filho, buscar peixe

Vida se traz no cortado
Não imagine que é festa
amasso, flerte, confeito
A saia impõe o limite
para teu assédio fresco
mesmo que seja só seda
bem curta, quase um convite

Cumprimente e vá andando
sopre por outras bandas
que o molejo da minha dona
é para quem lida no ramo
e de perfumes entende
Pessoa que se garante
no dom de merecimento

RETORNO - Imagem desta edição: obra de Claude Monet.

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