Nei Duclós
Planto por plantar, por puro êxtase
para ver crescer o talo da semente,
a flor imprevista, a folha sob a chuva
A colheita é o que lento transfigura
a terra que vesti com as mãos e água
o piso da mistura no calor da pétala
Os bichos aproveitam, levam à toca
o desperdício do contemplar à toa
são meus confidentes, antena e asas
O jardim é o desleixo natural do corpo
corri demais e agora fico à sombra
formigas me carregam para ver a lua
Não é sabedoria esse vagar sem prumo
que palmilho prudente por gravetos
é só o sonho de viver além da conta
RETORNO - Imagem: foto de Eliane Fogel.
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