Nei Duclós
Vestir-se de
ódio decide eleição?
O país está
partido para sempre.
País perdido,
cindido. Está morto?
Toco seu
rosto: ele é de pedra
Toco seu
corpo: ele ainda sangra
Mexo em sua
infância e ele chama
voz
insubstituível no tempo roto
Fujo disso e
não chego na esquina
sou alcançado
pelas cobranças
peço
silêncio e todo mundo grita
doer faz
parte da sobrevivência
Qual é o seu
lado? dizem de frente
O passado
nos conduz em correntes
Não temos futuro,
obra do presente
O candidato
sorri mas apenas mente
o exercício
do cargo é inadimplente
bandeiras
por vinte reais o expediente
ataques
promovidos pela cor da pele
Que é do
coração e do poder da mente?
Viramos a
sombra de um jogo demente
rimamos o pó
com a esperança poente
É o
pessimismo, me dizem radiantes
tenha fé que
não sei quem te ama
seja correto
na transgressão reinante
cumpra deveres
na criminosa semana
depois no
domingo dance seu tango
Não tenho
estômago para o convite
Nasci para
outro país que eu invento
RETORNO - Imagem desta edição: foto
LIFE, São Paulo em 1947.
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