2 de abril de 2014

NÔMADE



Nei Duclós

Não posso deixar que a seda
fabricada em horas vagas
nas tardes perdidas de sol
pouse sua asa sobre a terna
superfície do teu sonho

Não vou permitir que a triste
orquestra contratada por real
autonomia em disparidade
com a vida te preencha
de uma solidão até a borda

Não quero que digas alô
para uma despedida que rompe
o laço de fita dos teus olhos
ou que te deixes abater pela dor
Quero lembrar a tua coragem

a força desperta em longa
travessia que fazes há tempos
pelos inóspito planeta onde vejo
a areia movediça engolir navios
vindos do horizonte largo

Te quero feliz, em parte porque sei
o quando arde a vontade perene
de cruzar o deserto, mas também
porque aprendi o valor da viagem
que és tu, nômade do meu poema


RETORNO -Imagem desta edição: Saara, foto de Moussa Ag Assarid

.