Nei Duclós
Vou te buscar na elipse das esferas
nas crateras e vulcões extintos de Marte
Vou te buscar nos jardins insepultos
no alto mar onde as algas te afogaram
na gruta de arquipélagos remotos
vou te buscar depois do apocalipse
Não te deixarei para peixes ou abutres
irei te buscar mesmo que te eliminem
juntarei cada porção de ti com minha saliva
Porque nosso olhar se reconheceu idêntico
entre desastres e carnificinas e enfrentou
os furacões e o fogo da goela dos dragões
Vou te buscar isenta de qualquer solidão
te carregarei nos braços poderosos do amor
e a terra se acomodará em nosso colo
Estarei pronto para enfrentar os gigantes
louco como quem sabe o desfecho da guerra
viemos contrariar o destino do cosmo morto
Somos a salvação não consentida de tanta dor
tu e eu, flor que confia na palavra mais bizarra
borrão de escrituras apócrifas que nos condenam
Vou te buscar para que haja vida na planície
onde foi plantada a derrota. Somos a vitória
de um coração de espuma, que sobe junto com a Lua
RETORNO -Imagem desta edição: Obra de Caspar David Friedrich