Nei Duclós
Não fomos feitos um para o outro, nem compartilhamos o mesmo
destino. O que nos atrai é a liberdade.
Um telefonema urgente interrompeu
minha conversa. Era você, carente. Precisavas de um alfinete para grudar a Lua
Cheia.
O importante não é amar a esmo, como se fosses um pé de
vento, mas o que podes enxergar com o sentimento. Essa visão de conjunto que
decifra o oculto.
Faz de conta que não dói separar-nos por algumas semanas. É
só o carro sumir no horizonte para saires desesperada com teu vestido rasgado
de tão louca.
Não é amor, compromisso do
sentimento, é coincidência. Só acontece em campo aberto, quando vamos em bandos
fotografar as emas. De repente espichas o pescoço em minha direção, tratante.
Lençol liso, tudo arrumado? Passou a
noite fora. Venha me contar antes que eu vá embora.
Tarde sem amor não faz sentido. É
quando as nações declaram guerra sem nenhum motivo.
É o mito do amor, gruta íntima.
Prazer do mergulho ao borrifo
Não me reconheces mais, mas o amor
não mudou.
RETORNO – Imagem desta edição: Audrey Hepburn.