Nei Duclós
Sou suspeito. Deixei-me dominar pelo amor, crime perfeito.
Sou suspeito. Deixei-me dominar pelo amor, crime perfeito.
Toda crítica procede. Eu canto mesmo a criatura de jade, a
persona que abres com teu molho de chaves.
Eu peguei a mão das fadas. Elas suspiram quando faço arte.
Depois me soltam, convocadas pela tempestade.
Me ensinas quando te deixo. Aprendo a voltar correndo.
Tens um compromisso no cais do porto. Venha buscar teu
peregrino. Ele andou meio mundo pensando em te dar colo.
Quando me arrependi fiquei de joelhos. Quando tive razão te
dei um beijo.
Sou barco a remo. Cruzei o mar com teu nome no bolso.
Fique tranquila. Parto para onde venho. Fujo para quem me
encontra.
Sou do vento. Inflo tuas velas, amor sem medo.
Só capturo quem consente. No fundo, sou eu quem fica na
rede.
Você some nas dobras do tempo. De
vez em quando assoma, flor do encanto
Tenho fé na força do verbo, a que
inaugura espaços, de todos os tamanhos.
Bem no ponto, onde há o toque. Mesmo
que não toque de fato, apenas chegue.
Tudo se encaixa, fada. Trajeto sem
farsa. Quarto destruído.
Passeie enquanto é tempo. Na volta,
não terás recreio. Preparei uma dose do que chamas veneno e é apenas o doce que
verte do teu beijo.
Nosso amor será mudo, para não haver
briga. Na língua do beijo.
A paz vem depois do xeque-mate,
quando o amor entra no acordo.
Chanceler da Rainha, a poesia,
aportei no deserto da nação recém fundada. Fui recebido por balas no meio da
conversa. Acorreu-me a musa, que estava por perto.
Venha que eu quero. Queira que eu pouso. Voe que eu sonho
com teu aperto.
Eu tinha desistido. Mas você me mostrou o tempo que seria
dedicado ao desamor.
RETORNO - Imagem desta edição: Cameron Diaz.