Nei Duclós
O tempo te liberta da sensação do eterno
és datado como planta do deserto
duras uma tarde para virar farelo
o vento espalha o que um dia foi esporo
É bizarro ver o moço achar que permanece
quando a moto se espatifa antes da festa
a morte subornou os donos do tráfico
não sobra ninguém na dança do massacre
Fica o velho em longa fila de privilégios
pode comprar açúcar ainda subsidiado
e ler o que abandonou há meio século
Verso livre levou ao trocadilho esperto
prefiro colocar o verso na soga do soneto
quatorze linhas decretam o desenlace
RETORNO - Imagem desta edição: obra ded
Bispo do Rosario.