Nei Duclós
A primavera se aproxima como um navio vindo do Oriente.
Especiarias e roupas de odalisca para dançares na minha frente.
Você se arrepia por comedimento. Se fosse sincera, rasgarias
tuas sedas.
Chego tão perto que as peles se confundem. Há natureza de
pétala pousando no urso.
Te dei um beijo e saí correndo.
Deixei a marca em teu silêncio. Fique atenta. Sou o que te acena.
Foi-se embora com o circo. Me deixou na lona.
O barco em riste navega o canal que leva à fonte. Lá salta
como um peixe para o alto.
Bruto e rude civilizado por tuas curvas.
Água e mel numa planície de esgrimas. Somos um sonho
impregnando a noite de suspiros
Estava morto quando me perguntaste as horas. Já é tempo,
respondi, ventriloquo do amor ardente.
Antes de chegar em Vênus eu tinha garras. Depois ganhei
dedos, feitos pela doçura do teu desejo.
Não se queixe, respire se puderes. Elimino o ar quando te
pego.
Te quero e o resto fecho para balanço.
É sempre o mesmo momento. Teu corpo denso me fazendo
estrago.
Esquecida do que te aflige simplesmente me beijas. Ninguém
pode contigo, surpresa.
Escreva para você mesmo. Se não obtiver resposta é porque
mudou de endereço.
RETORNO – Imagem desta edição: Marilyn Monroe.