2 de outubro de 2009

VOLTA, RIO


Nei Duclós

Na origem, o Rio é uma paisagem-monumento
na essência, um urbanismo clássico
na História, uma soma nacional
na música, uma tarde de sol.

Rio, capital do Brasil soberano:
hora de voltar ao que somos,
paz na terra conflagrada,
trégua no salve geral

Esperança de um samba maior
"Rio de Janeiro, gosto de você".
És um susto de luz
depois do túnel

Rio dos meninos em armas de 1922,
da literatura de teus moradores,
dos sons de teus gênios.
Terra onde nem os mendigos abrem mão da arte

Rio do esplendor, vives na nossa memória.
A multidão acena para a Revolução
de Outubro de 1930, depois acena
para o corpo que se vai em 1954.

Órfã de ti, a nação perdeu o foco
e hoje vive de meio expediente no cerrado,
enquanto a metralha varre tuas famílias.
Volta, Rio, ao poema.

Quem somos nós, sem as raízes do Rio,
sem o Brasil gerado ao pé da Serra dos Órgãos?
Nada faz sentido se um país perde sua capital.
Volta, Rio.

RETORNO - 1. Poema escrito on-line no Twitter minutos depois que o Rio foi escolhido capital olímpica em 2016. 2. Imagem desta edição: tirei daqui.

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