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1 de outubro de 2009
JOGO BRUTO PRÉ-ELEITORAL
Hoje, o que pega não é a campanha de quem é favor ou contra. Um caso Lurian não vai decidir a parada. O buraco é mais embaixo. O que existe de fato é disputa braba de cachorro grande, onde entra de tudo. O que está em jogo é a maior fortuna disponível no planeta: o dinheiro arrecadado pelo Brasil (os orçamentos dos outros países não estão tão disponíveis assim). É mais do que uma grana preta, é toda a grana do mundo. Já viram filme de grandes golpes? É aquele clima.
As eleições não serão definidas pelos chamados formadores de opinião. Mas pelos que podem manipular mais voto por meio da força bruta. É um salve geral: enquanto perdemos tempo com posições ideológicas, botox ou caras de vampiros, filhinhos de papai ou coronéis do sertão, corruptos e malfeitores, ingênuos e capoeiras, o troço se decide nas múltiplas aparelhagens: cargos ocupados e disponíveis, acertos de contas, viagens de dinheiro, e tiroteio puro e simples.
O pessoal do governo se sente à vontade, mas é uma ilusão. Vive no bem bom do poder e tem aliados bem amarrados, mas basta se aproximar a possibilidade de uma mudança de mãos de quem tem a chave do cofre para os acertos desmoronarem. A oposição, louca para voltar ao Planalto, ruge. Vale tudo. Um dos fenômenos que mais cresce é a disputa por figuras carimbadas e notórias, como se fosse importante atrair votos por meio de um nome famoso. Trata-se de jogo de cena. Enquanto ficam ao redor do Chalita ou do Padre Fábio de Mello, cava-se um túnel em direção ao Banco Central.
Não que os postulantes aos cargos de presidente, senador, governador sejam desonestos. Ou que a Justiça Eleitoral seja uma farsa. Ou que a gente continue vivendo numa ditadura. Nada disso. Todos são lisos, as justiças funcionam e vivemos numa democracia, está combinado. O que estou falando aqui é de um roteiro cinematográfico, imaginação pura e simples. Se um candidato da oposição crescer muito, basta sacudir o país com alguns terremotos e pronto, a coisa volta ao normal. É com nos filmes, só isso.
Lembro quando, no movimento das Diretas-Já, nos anos 80, a ditadura promovia black-outs pesados, intensos, que cobriam todo o território nacional. Não mudou muito. Quando lançam bombas no centro de São Paulo, queimam um monte de ônibus, metralham policiais, é porque algo fede na política. Marginal não tem esse cacife. Quem tem esse poder é roteirista de filme de gangster. É gente abraçada com o crime organizado. São os pretensos “revolucionários”, os que querem foder com tudo para mudar o que funciona, quando deveria ser o contrário, deveriam mudar eles mesmos para foder com tudo o que não presta. Ou os pretensos “democratas” que não querem perder sua parte no butim
No gosta do governo? Não bata em cachorro morto, que ele ressuscita. É a tática de voltar com mais força. Tente enxergar as armadilhas. Honduras é um bom exemplo de hardnews que exige intervenção imediata do analista. Não pode, como aconteceu, apoiar a interferência brasileira no país como fizeram bloguistas notórios, e depois se retirarem aos poucos dessa posição e acabarem assumindo o bom senso de uma visão mais equilibrada. O Diário da Fonte mandou ver uma hora depois do ocorrido e depois deixou de abordar o assunto, a não ser algumas observações ao longo das edições seguintes.
Tem jornalista gastando criatividade para debochar da crise de Honduras. Pode acabar em massacre. Pode resultar numa ditadura de fato. Tudo pode acontecer. Nada daquele país, nem de qualquer outro, nos diz respeito. Precisamos cuidar aqui dentro. A campanha eleitoral está começando. “Vem aí uma tempestade de merda”, para citar Norman Mailer.
RETORNO - Imagem desta edição: Tony Camonte em Scarface, 1932.
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