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10 de outubro de 2009
BROMÉLIAS
Nei Duclós
Somos como as estrelas
a única luz nesta noite preta
O amor que você produz me tenta
o corpo cai em confusões de renda
Somos como a lua em linha reta
subindo por um céu que não aceita
Ela quer vir até nós e ninguém deixa
Sua esperança é a carona de um cometa
O poeta não dorme enquanto houver mistério
Compartilhamos o susto de uma esfera
que rola infinita pelo tempo
mas quer mesmo é estar perto da fogueira
Pousa sobre nós o sopro de um segredo
Se estamos tão sós por que não venta?
Se não há tempestade existirão os duendes
a tramar nosso tombo entre bromélias
Embalados de natureza adormecemos
O escuro, exausto de nos pregar peças,
temeroso espia o sol que se apresenta
e foge para inventar mais sortilégio
Somos o amanhecer de olhos tontos
entrevemos um oceano de serenos
Ainda dormimos quando despertamos
numa nuvem de sono e realejo
RETORNO - 1. De volta a este poema, do meu livro inédito. 2. Imagem desta edição: Orquidário do Vigia do Mar, no Muquém, foto de Ida Duclós.
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