Este 8 de março, domingo, é dia de uma leitura muito especial. Dona Mimosa, moradora do Muquém, bairro situado aqui perto de Ingleses, no norte a Ilha de Santa Catarina, disse que vai pegar para valer o livro O Refúgio do Príncipe – Histórias Sopradas Pelo Vento. Ela e o marido, seu Modesto, que são personagens da crônica O Vigia do Mar, uma das histórias publicadas, ficaram encantados com o presente. Dona Mimosa ficou tão emocionada que chegou a duvidar. Quando minha mulher, Ida Duclós, disse que voltaria outro dia para continuar a visita, ela perguntou, aflita: "E vão levar o livro de volta?"
"Claro que não, é um presente", disse Ida, que ficou cativada com o carinho com que o livro foi recebido. Sem ajuda de óculos, Dona Mimosa leu as primeiras linhas da crônica que fala do marido, que já tinha conhecimento do texto. Ele lembrava do gaúcho que um dia veio falar de orquídeas com ele e que no fundo queria apenas ouvir as histórias de como conseguia detectar cardumes em época de tainha. Saí de lá sem que o segredo fosse revelado. Descobri ali que nenhum segredo será revelado. Eles existem para serem isso mesmo e precisamos conviver com o mistério nesta vida que ameaça ficar tão sem graça.
Vendi pessoalmente o Refúgio para inúmeras pessoas. Mas é difícil ver, como Ida viu (eu não compareci a essa visita em que o livro foi presenteado) a emoção de alguém pegar um livro, de ver uma pessoa ler em voz alta, gostando de pronunciar cada palavra. Essa é a verdadeira alegria de um autor: ver que seu livro, sua obra, é recebido pelo povo brasileiro com emoção e carinho, ainda mais por Dona Mimosa, o marido e o cunhado (que também ganhou um exemplar e retribuiu com uma planta que dá uma flor muito bonita, segundo seu relato). Eles fazem parte dessa humanidade lúcida, plantada no país soberano, crítica a tudo o que estão vendo e passando, sem perder a identidade e nos trazendo de volta o país que tantas vezes perdemos.
Na crônica O Vigia do Mar, que está no Refúgio, diga a certa altura: “Sua chácara começa bem rente à rua, num velho engenho onde vive. Lá impera o grande forno e o fogão de pedra, alto. Sua esposa varre o chão com vassoura de folhas catadas no quintal e faz café de chaleira amassada, com gosto e aroma fortes. Os olhinhos apertados do velho me fuzilavam enquanto desfiava suas histórias.” É isso que ela está lendo neste oito de março, Dia Internacional da Mulher. Dedicada, lúcida, afetiva, hospitaleira, Dona Mimosa estranha as pessoas que passam todos os dias por ela e não a cumprimentam. São outros tempos. Que ele enxerga como ninguém.
Ela e Modesto, O Vigia do Mar, personagens que se encontram no livro que neles se inspirou. O que mais pode querer a literatura brasileira, nesse reencontro profundo, que nos congrega como nação e nos projeta para a imensidão do céu deste março inesquecível?
RETORNO - 1. Imagem desta edição: Dona Mimosa, do Muquém. Foto de Ida Duclós. Assim, o Diário da Fonte homenageia o Dia Internacional da Mulher. 2. O Refúgio continua sendo abraçado pelos leitores. Mais gente encomendou (e a maioria já recebeu) seus exemplares autografados, vendidos por apenas vinte reais (com frete incluído), bastando para isso me passar um e-mail para neiduclos@hotmail.com. Vamos citar alguns novos novos leitores: Anne Schneider, José Carvalho Goes, Max Montiel Severo, Suely Aimone, Milena Brasil, Paulo Monteiro, Paulo Vianna da Silva, Raquel Sitri, Shirlei Sena, Tânia Celidônio, Virginia Eugênia Haeser, Margareth Maeda, Marcelo Sguassábia, Luiz Paulo Ruschel Daudt, Maria Regina Giacomini. E ainda Luiz Carlos Duclós, que encomendou cinco exemplares! Que exemplo!
"Claro que não, é um presente", disse Ida, que ficou cativada com o carinho com que o livro foi recebido. Sem ajuda de óculos, Dona Mimosa leu as primeiras linhas da crônica que fala do marido, que já tinha conhecimento do texto. Ele lembrava do gaúcho que um dia veio falar de orquídeas com ele e que no fundo queria apenas ouvir as histórias de como conseguia detectar cardumes em época de tainha. Saí de lá sem que o segredo fosse revelado. Descobri ali que nenhum segredo será revelado. Eles existem para serem isso mesmo e precisamos conviver com o mistério nesta vida que ameaça ficar tão sem graça.
Vendi pessoalmente o Refúgio para inúmeras pessoas. Mas é difícil ver, como Ida viu (eu não compareci a essa visita em que o livro foi presenteado) a emoção de alguém pegar um livro, de ver uma pessoa ler em voz alta, gostando de pronunciar cada palavra. Essa é a verdadeira alegria de um autor: ver que seu livro, sua obra, é recebido pelo povo brasileiro com emoção e carinho, ainda mais por Dona Mimosa, o marido e o cunhado (que também ganhou um exemplar e retribuiu com uma planta que dá uma flor muito bonita, segundo seu relato). Eles fazem parte dessa humanidade lúcida, plantada no país soberano, crítica a tudo o que estão vendo e passando, sem perder a identidade e nos trazendo de volta o país que tantas vezes perdemos.
Na crônica O Vigia do Mar, que está no Refúgio, diga a certa altura: “Sua chácara começa bem rente à rua, num velho engenho onde vive. Lá impera o grande forno e o fogão de pedra, alto. Sua esposa varre o chão com vassoura de folhas catadas no quintal e faz café de chaleira amassada, com gosto e aroma fortes. Os olhinhos apertados do velho me fuzilavam enquanto desfiava suas histórias.” É isso que ela está lendo neste oito de março, Dia Internacional da Mulher. Dedicada, lúcida, afetiva, hospitaleira, Dona Mimosa estranha as pessoas que passam todos os dias por ela e não a cumprimentam. São outros tempos. Que ele enxerga como ninguém.
Ela e Modesto, O Vigia do Mar, personagens que se encontram no livro que neles se inspirou. O que mais pode querer a literatura brasileira, nesse reencontro profundo, que nos congrega como nação e nos projeta para a imensidão do céu deste março inesquecível?
RETORNO - 1. Imagem desta edição: Dona Mimosa, do Muquém. Foto de Ida Duclós. Assim, o Diário da Fonte homenageia o Dia Internacional da Mulher. 2. O Refúgio continua sendo abraçado pelos leitores. Mais gente encomendou (e a maioria já recebeu) seus exemplares autografados, vendidos por apenas vinte reais (com frete incluído), bastando para isso me passar um e-mail para neiduclos@hotmail.com. Vamos citar alguns novos novos leitores: Anne Schneider, José Carvalho Goes, Max Montiel Severo, Suely Aimone, Milena Brasil, Paulo Monteiro, Paulo Vianna da Silva, Raquel Sitri, Shirlei Sena, Tânia Celidônio, Virginia Eugênia Haeser, Margareth Maeda, Marcelo Sguassábia, Luiz Paulo Ruschel Daudt, Maria Regina Giacomini. E ainda Luiz Carlos Duclós, que encomendou cinco exemplares! Que exemplo!
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