Nei Duclós
A poesia não está a serviço da política nem de nada ou de ninguém. Também não compactua com as posições de ter lado ou ser isenta. Ela é onívora, encarna tudo o que é humano. Está acima, abaixo, distante, próxima de tudo o que existe, nasce, morre. É feita de palavra, das suas origens e transformações, dos usos e abusos. Não pode ser enquadrada pela mediocridade dos interesses provisórios ou permanentes. Não combina com cartilhas nem palavras de ordem.
Sua força é a liberdade impulsionada pela sonoridade. É música, com e sem partitura. Tesouro de nações, perfil de espíritos intensos. Combativa e recolhida, explícita e no resguardo, cinza e de todas as cores. É preto no branco, é tranco e barranco. Não a esqueça na gaveta, não finja indiferença. Não é supérflua, comportada nem simples transgressão. Pode ser sóbria, assombrosa, leve, forte. Incorpore sua natureza selvagem, marca de uma civilização.
Poesia. Porção de eternidade no universo frio e de pedra. Forja de criaturas. Insanidade e lucidez. Dor e transcendência. Amor e conflito.
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