2 de novembro de 2018

OBRA ABERTA


Nei Duclós


Feche o poema a tempo. Não o submeta ao fardo das hipérboles e chaves de ouro. Freie quando as rodas dianteiras do comboio balançarem na margem do abismo.

Abandone o leitor à sua própria sorte. Volte a pé sem olhar para os lados, perseguido pelo crocitar das palavras que deixaste de usar, por saber que a criação fica sempre aberta, como flor à mercê do orvalho.


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