O poema confessional é de autoria de personagens ocultos,
que o autor cria ou invoca. São múltiplas personalidades lendárias a navegar
nos versos reunidos sob um mesmo nome real. Elas se encaixam nas percepções
variadas de quem lê, contesta ou se identifica.
Depois de jogar seu barco de papel na correnteza feita pela
chuva na sarjeta, o poeta, garoto, se recolhe. E se perguntam pelos versos ele
sacode os ombros. Diz que não é com ele. Escapa assim pelas reticências...
Ninguém pode se decepcionar quando insiste em ver as asas de
um anjo que não existe. Que não é alegre nem triste, como diz Cecília Meireles.
É só poesia, e isso é tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário