Renzo Mora
“Não escrevo sobre o cinema, escrevo sobre o que o cinema
faz comigo” diz o Poeta e Ensaísta Nei Duclós em um dos capítulos do seu
delicioso livro “Todo Filme É Sobre Cinema”.
Isso quer dizer que, mesmo na improvável hipótese de que
alguém não tenha visto nenhum dos filmes que ele comenta (e a lista vai de
"Casablanca” a “Harry e Sally”, cobrindo praticamente tudo de interessante
que aconteceu na tela ao longo do século XX e neste começo do seguinte), o
livro ainda valeria a pena.
Pois se trata – principalmente - do que uma obra provoca em
um artista, de como as obras dialogam com o Poeta.
Os trabalhos são vistos pelo filtro de Nei e cada artigo é uma preciosidade. Ele tem uma capacidade única de iluminar detalhes esquecidos, de surpreender com novas ideias mesmo quem já tenha visto um determinado filme milhares de vezes, de provocar a inteligência do leitor e trabalhar com o resíduo que permaneceu em nós depois que sobem os créditos finais.
Sua divisão de atores entre monstros (os que desaparecem dentro dos personagens) e cavaleiros (aqueles cuja personalidade prevalece sobre o que interpretam) é brilhante. E, claro, o capítulo começa com o maior monstro de todos os tempos, Marlon Brando – que ele disseca carinhosamente.
Termino o livro de uma sentada e lamento. Não só porque ele
é curto demais. Mas também porque percebo que poderia ter aproveitado muito
mais minhas idas ao cinema se tivesse sempre Nei ao meu lado, como poderia ter
aprendido mais com cada filme, com cada diretor, cada ator e cada estória.
O livro cobre um pouco do muito que perdi. (Renzo Mora)
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