5 de dezembro de 2014

FLOR ABERTA



Nei Duclós

A lira desafina por instinto
de sobrevivência. Transgride
a melodia que a pauta copia
busca a sobra, quase o lixo
preciosidade sem valor explícito

Reencontra a origem, palavra
nua viciada em liberdade
e por isso pobre, ruína viva
que passa despercebida
enrolada em pano de cânhamo

Amontoa cadernos impublicáveis
que ninguém revira e despede-se
do mundo sumindo fora da moldura
Lira que desmoraliza o cânone, novo
ou antigo, flor aberta sobre o abismo


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