28 de dezembro de 2014

PERTENÇA



Nei Duclós

Só fico só quando pensas na lua
e pousas o olhar além da varanda
em busca, talvez, de Paris e sedas

Me abandonas de lábio trêmulo
para algo que foge entre os dedos
não vejo motivo pra tanta fuga

Sou Apolo, estátua em teu acervo
mas Afrodite se imagina sem pertença
seja deus ou poeta ou dramaturgo

Por isso se refugia em Andrômeda
é pura ilusão o amor que compactuas
não posso driblar minhas promessas

Ser teu desejo, duende ou demiurgo
provedor de musa que habita tua estufa
como cristal no vinho, praia na espuma

e vê como é impossível ter companhia
quando desvias o rosto por um segundo
e me larga de vez em direção às nuvens


RETORNO - Imagem desta edição: Vera Miles.

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