7 de abril de 2012

COMUNIQUISMO


Nei Duclós

Quem precisa de comunicação e comunicadores são os comunicólogos, que vivem disso, e os donos dos veículos de difusão, que se meteram em outros negócios e acabaram compactuando com a necessidade política da tirania de matar o jornalismo. Dois elementos fundamentais do jornalismo, a fonte e o repórter, deixaram de ter importância diante da notoriedade de ignorantes sedutores a servir o pãozinho quente da informação falsa na boca dos cidadãos contribuintes, transformados todos em consumidores de dívidas impagáveis. É por isso que essas notoriedades da “comunicação” não cansam de gargalhar ou de fazer pose diante das câmaras. Estão milionários e se divertem a valer.

São mais de 40 anos dessa praga da “comunicação”. Estava entalada na garganta. Agora vamos à forra. A seguir, frases que coloquei no Twitter e no Facebook sobre o assunto.


O jornalismo foi substituído pela comunicação no final dos anos 60, quando virou moda falar em sociedade de consumo. Cidadão virou consumidor

Informação deixou de ser importante, o importante era "comunicar". Ou seja, não importa a notícia, mas o nheco nheco.

Comunicação substituiu o fato pelo "comunicador", popstar de cabelos wellaton ou arrepiadinhos. Âncoras no lugar de repórteres.

Comunicação está na fonte do ao menos, segundo o suposto, saia justa, risco de morte e outras merdas.

Entrei no Curso de Jornalismo na Ufrgs em 1968. Depois do AI-5, por coincidência, virou Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia. Saí.

O comunicólogo é o cagador de teses sobre o que ajudou a matar, o jornalismo.

Antes tinhamos repórteres como Pena Branca, Hamilton Almeida Filho, Narciso Kalili, Marcos Faerman. Hoje temos...Datena, o comunicador!

O bom jornalista não comunica, o bom jornalista se trumbica.

Basta ver a lista dos comunicadores: Silvio Santos, Luciano Huck, Gugu Liberato. Um energúmeno atrás do outro.

Comunicador é como formador de opinião: não serve para nada, mas tem uma pose...

O pior foram as cordilheiras de teses sobre o surto comunicativo. Tudo para justificar o assassinato do jornalismo.

"Estou te comunicando" é ordem imperial. Tudo a ver com comunicação.


LIBERDADE É O ALVO

A lenta demolição da liberdade na internet conta com o apoio dos ex-célebres formadores de opinião e figuras notórias da "comunicação".

Interferências como janelas que se abrem sem solicitação ou anúncios impostos vão se intensificar até travar toda liberdade na navegação.

O risco que corremos é de os encastelados em veículos tradicionais apeados do poder monopolista de antes nos chamarem de internautas.

Somos cidadãos com acesso a ferramentas digitais de difusão de conceitos, cultura e críticas. Não internautas. Internauta é a véia.

Internauta é conceito escravagista, que coloca a crítica da população sob o jugo coadjuvante. Objetivo é aparelhar a internet.

Você tem voz ativa nas midias sociais? Cuidado, notórios comunicadores e formadores de opinião que foram apeados de suas torres não gostam

A internet é tão importante que só os posudos metidos a besta deveriam bater o pênalty, e não "essa gente" desprovida de auto-censura.

O sentimento aristocrático brasileiro se manifesta desde o carro que sobe calçada até a soberba diante da pluralidade nas midias sociais

O fato de ser espaço de extrema liberdade não deveria servir de condenação da internet. Abusos contribuem para a demolição dessa liberdade.

É preciso que hajam grupos ativos de denúncia para corrigir o crédito falso,atribuído a notoriedades ou apropriados pela falta de ética.

Justiça aos autores, famosos ou não, e suas criações. Liberdade na internet sem abusos contra ninguém. Abaixo a comunicação e viva o jornalismo. Fora apresentadores e viva o repórter.



RETORNO - Imagem desta edição: clássico logo da RCA Victor.

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