6 de agosto de 2009

O ALCANCE DA BOLA


Nei Duclós

Bruno, o goleiro do Flamengo, não é tão eficiente quanto imagina ser. Eduardo Martini, goleiro do Avaí, não tem um décimo da pose e está fechando sua cidadela, enquanto Bruno deixa o Goiás empatar nos últimos minutos. Trata-se de se colocar ao alcance da bola. Bruno perde tempo dando uma de líder da equipe, quando não é. Deveria ficar na sua e se concentrar. Sua falta de foco é visível nos gols que tomou nesta quarta-feira no jogo contra os goianos. Como estava preocupado em ser o técnico do Flamengo na hora da onça beber água, a bola entrou obrigando-o a se jogar como tivesse esperança de pegar.

Foi um gesto falso. Ele sabia que o serviço já estava feito, mas precisava alimentar a imagem de goleiraço. Dirão: "É, mas houve o pênalti, que o juiz não marcou". Verdade. O empurrão dentro da área deixou o adversário com tudo para chutar. Mas Bruno ficou paralisado, porque estava prestando atenção em outra coisa. Isso foi fatal. Na sua atual fase, acho que Martini defenderia. No terceiro gol, que decidiu a partida, Bruno errou de novo, abaixou-se quase ao piso do estádio e quando a bola veio a meia altura, tranqüila de pegar se não estivesse naquela posição miserável, dava pena de ver com espichava, em vão, o braço. Ele, com sua postura, já tinha decidido o lance. As pernas curvadas, o tronco pesando dez toneladas, tudo remava contra o seu arco.

Vimos o oposto nas defesas impressionantes de Eduardo Martini contra o Corinthians uma rodada antes da de ontem. Martini estabeleceu um vínculo entre sua flexibilidade e a movimentação extrema do jogo. Seus reflexos funcionaram porque estava super concentrado. Ele não se acha um Rogério, o cara que manda tanto no time que ao se contundir a equipe cai pelas tabelas do campeonato. Martini segura o rojão apenas como goleiro e estabelece as bases para o Avaí subir mais na classificação (o time agora ocupa o sexto lugar). Mas tem jogadas em que os arqueiros não podem mesmo fazer nada, mesmo que tenham tomado todas as precauções e trabalhado no rumo certo.

É quando Petkovic (foto acima) entra em cena. O craque que voltou recentemente ao Flamengo disse a que veio no jogo de ontem contra o Goiás. O impacto não foram os dois dribles que o deixaram à vontade para bater em direção ao gol. O que pega em Petkovic é que ele encomenda a bola para fora do alcance do goleiro. "Ah, mas que coisa óbvia, todo cara que faz gol consegue isso". Não é verdade. Petkovic bate de uma forma que a bola ocupa um espaço impossível de ser alcançado sob qualquer hipótese. Ele faz isso quando chuta faltas. A bola é endereçada para um arquivo virtual, que só existe na imaginação dele. O goleiro se confunde e se atira naquele lugar onde acredita estar o biroço. Mas como não está lá, a bola entra. Como acontece isso?

Vejam o lance de ontem. Ele bateu na diagonal. A bola então teria cruzado a área numa velocidade imbatível. Mas a velocidade aqui não conta. Mesmo que o goleirão fosse o Flash, a bola entraria. Porque Petkovic chutou de uma forma que a bola trafegou, em curva, numa espécie de túnel de minhoca, aquela estrutura teórica que economiza espaço/tempo para viabilizar futuras viagens espaciais. Petkovic encaixou o embrulho nesse túnel em movimento. Claro que essa explicação é inverossímel e os túneis de minhoca nem foram comprovados. Mas o importante é o uso prático de uma proposta.

O craque bateu de um jeito que fez o goleiro desistir de tentar alcançar a bola já no início da jornada do chute. Inclusive, no vídeo, vemos como o braço do goleiro do Goiás está encolhido, como se não estivesse ali. O lance de Petkovic atrofiou o adversário. O jogo, a partir daí estava na mão. Mas Bruno colocou tudo a perder. Talvez o técnico Andrade, eficiente, seguro, tranqüilo, não tenha tido forças par enfrentar a determinação do inimigo, que do treinador aos atacantes deixou claro que não sairia do estádio Serra Dourada sem vencer. A sorte se rende a quem faz questão dela.

BRASIL É RESPONSÁVEL PELA PAZ NO CONTINENTE

Os países vizinhos se assanham, se armam e querem guerra. A postura covarde do Brasil, que se rende a todas as pressões, das tarifas de Itaipu às invectivas chavistas, desestabiliza o continente. Se houver qualquer guerra, mesmo uma guerrinha, o Brasil é o culpado. Somos um país com enormes responsabilidades. Não devemos deixar que a situação se deteriore, como acontece nas fronteiras, onde os cucarachas mandam nos rios limítrofes. Se você deixa à deriva um patrimônio como nosso território, então todas as vinganças e justificativas históricas emergem. Se não há nem sombra de uma possível tunda em quem se aventurar e se meter a engraçadinho, então o jogo está feito.

Não se trata de rosnar ou dar uma de machão. Mas alimentar nossos soldados com nutrição de atletas e não dar-lhe feijão com arroz e farinha. E aproveitar todo o contingente que completa os 18 anos para defender o país, inclusive do banditismo.

Leio sobre o Marechal José Pessoa (foto ao lado), que escolheu o local para ser construída Brasília ainda antes de JK, o maneiroso, no governo Café Filho. Pessoa assumiu um Conselho criado, claro, pelo Getúlio Vargas em 1953 (esse Getúlio!). Lucio Costa levou toda a fama, mas foi José Pessoa que idealizou o Lago Paranoá e a estruturação da cidade ao longo de dois eixos transversais. Soube que ele, José Pessoa, fundador do da Academia das Agulhas Negras, combateu eficazmente o banditismo no Mato Grosso quando assumiu a Região Militar de lá. O banditismo na era Vargas foi combatido pelas Forças Armadas, incluindo aí a surra em Lampião, tão celebrado pelos que “lutaram contra a ditadura”.

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