Os americanos são seus piores inimigos. A série Bourne é mais uma produção que enfoca esse ato de morder a própria cauda. Não teria sido, como querem os franceses, o 11 de setembro um ato da ala mais perversa do sistema, que assim criou o álibi perfeito para a tirania que veio depois? Não teria sido o 11 de setembro o auge da Pax Americana, o Império sem inimigos, que precisou reinventar o Mal para continuar existindo?
Como não existem mais adversários, era tudo armação da Guerra Fria, que colocou em falsa oposição dois gigantes para melhor tungarem o mundo; como não há justificativa para ficarem armados até o ápice da insânia, com arsenais capazes de destruir o Sistema Solar; e como eles não suportam ficar sem guerra e é por isso que se subdividem em tantas raças, confundidas com culturas, então o negócio é fazer como Carlos Lacerda em Toneleros, dar um tiro no próprio pé.
Dizem que a maconha foi proibida depois do fim da Lei Seca, quando era preciso manter emprego de uma vasta burocracia gerada pelo combate ao consumo do álcool. Seria o mesmo se fizessem a reforma agrária no Brasil. O que aconteceria com o Incra quando as terras estivessem todas distribuídas? E qual destino dar a todos esses agentes, anti-terroristas, centenas de milhares de pessoas envolvidas na repressão, na chamada “inteligência”? Eles precisam manter suas fontes de renda, patrocinadas pelos recursos do Estado. Mas, como não possuem inimigos, é preciso que continuem sendo treinados, para enfrentarem um adversário à altura. E quem é ele? Pessoas do próprio esquema, defecções que entraram num desvio, gente que sai dos quadros desse sistemão repressor.
É assim em Shooter, é assim em Duro de Matar 4, é assim em inúmeros filmes e também na série do herói Jason Bourne, interpretado por Matt Damon, agente treinado para participar de um programa que passa por cima da Constituição e tem licença para matar. Ao perder a memória, procura rastrear as raízes da sua desgraça, pois foi achado semi morto com dois tiros nas costas por um barco de pesca. Já fizeram três filmes: Identidade, Supremacia e agora Ultimato Bourne.
Nessa paranóia, o cinema reproduz a mentalidade de que tudo está ou deveria estar sob controle. Para isso existe toda rede digitalizada, mais os circuitos locais de segurança. Do celular à web, das Lans Houses às câmaras instaladas nos lugares públicos, tudo está sob o olhar do Grande Irmão, que intervém on-line para destruir as pistas da própria arrogância, eliminar os rastros do próprio erro. Isso serve para resgatar o herói solitário, sem memória em Bourne, mas capaz de peitar toda a máquina, contando apenas com as capacidades desenvolvidas no treinamento.
O cinema assim torna-se circular: nada existe fora do circuito. As emoções foram praticamente erradicadas (tem uma mocinha em cada filme, todas acabam morrendo ou indo para longe de Bourne). O filme é sobre cinema, como acontece sempre. As câmaras filmam as câmaras filmando. Há uma superposição de realidades virtuais que substituem o mundo físico. Mesmo Tanger, no Marrocos, representando o chamado mundo sem fronteiras, é, neste Ultimato, o que foi a Índia em Supremacia: um ermo que também está sob controle de uma central de operação.
No fundo, a profecia de John Lennon em Imagine se concretizou. Imagine quando não houver países, diz a canção. É verdade: os países sumiram, hoje só existe uma força internacional com poder absoluto. E que também que não haverá mais religiões. Outra verdade: o que temos são fundamentalismos, pois as religiões baseadas em alta teologia acabaram, pelo menos não aparecem mais e quando querem dar as caras caem de pau em cima. Vais dizer que sou um sonhador, dizia Lennon, mas existem outros iguais a mim que pensam dessa forma. Eu penso diferente. Fronteiras devem ser respeitadas e religiões existem e existirão, a despeito de qualquer hit, e precisam resgatar sua erudição. Bem, essas implicância final serve de barreira para a avalanche de Imagine, hoje transformada em canção da babaquice politicamente correta. À parte isso, Lennon rox! Adoro Imagine.
RETORNO - Imagem de hoje: Matt Damon em "Ultimato Bourne". O protagonista tenta se esconder no anonimato da multidão, mas é rastreado pela tirania a qual pertence.
Como não existem mais adversários, era tudo armação da Guerra Fria, que colocou em falsa oposição dois gigantes para melhor tungarem o mundo; como não há justificativa para ficarem armados até o ápice da insânia, com arsenais capazes de destruir o Sistema Solar; e como eles não suportam ficar sem guerra e é por isso que se subdividem em tantas raças, confundidas com culturas, então o negócio é fazer como Carlos Lacerda em Toneleros, dar um tiro no próprio pé.
Dizem que a maconha foi proibida depois do fim da Lei Seca, quando era preciso manter emprego de uma vasta burocracia gerada pelo combate ao consumo do álcool. Seria o mesmo se fizessem a reforma agrária no Brasil. O que aconteceria com o Incra quando as terras estivessem todas distribuídas? E qual destino dar a todos esses agentes, anti-terroristas, centenas de milhares de pessoas envolvidas na repressão, na chamada “inteligência”? Eles precisam manter suas fontes de renda, patrocinadas pelos recursos do Estado. Mas, como não possuem inimigos, é preciso que continuem sendo treinados, para enfrentarem um adversário à altura. E quem é ele? Pessoas do próprio esquema, defecções que entraram num desvio, gente que sai dos quadros desse sistemão repressor.
É assim em Shooter, é assim em Duro de Matar 4, é assim em inúmeros filmes e também na série do herói Jason Bourne, interpretado por Matt Damon, agente treinado para participar de um programa que passa por cima da Constituição e tem licença para matar. Ao perder a memória, procura rastrear as raízes da sua desgraça, pois foi achado semi morto com dois tiros nas costas por um barco de pesca. Já fizeram três filmes: Identidade, Supremacia e agora Ultimato Bourne.
Nessa paranóia, o cinema reproduz a mentalidade de que tudo está ou deveria estar sob controle. Para isso existe toda rede digitalizada, mais os circuitos locais de segurança. Do celular à web, das Lans Houses às câmaras instaladas nos lugares públicos, tudo está sob o olhar do Grande Irmão, que intervém on-line para destruir as pistas da própria arrogância, eliminar os rastros do próprio erro. Isso serve para resgatar o herói solitário, sem memória em Bourne, mas capaz de peitar toda a máquina, contando apenas com as capacidades desenvolvidas no treinamento.
O cinema assim torna-se circular: nada existe fora do circuito. As emoções foram praticamente erradicadas (tem uma mocinha em cada filme, todas acabam morrendo ou indo para longe de Bourne). O filme é sobre cinema, como acontece sempre. As câmaras filmam as câmaras filmando. Há uma superposição de realidades virtuais que substituem o mundo físico. Mesmo Tanger, no Marrocos, representando o chamado mundo sem fronteiras, é, neste Ultimato, o que foi a Índia em Supremacia: um ermo que também está sob controle de uma central de operação.
No fundo, a profecia de John Lennon em Imagine se concretizou. Imagine quando não houver países, diz a canção. É verdade: os países sumiram, hoje só existe uma força internacional com poder absoluto. E que também que não haverá mais religiões. Outra verdade: o que temos são fundamentalismos, pois as religiões baseadas em alta teologia acabaram, pelo menos não aparecem mais e quando querem dar as caras caem de pau em cima. Vais dizer que sou um sonhador, dizia Lennon, mas existem outros iguais a mim que pensam dessa forma. Eu penso diferente. Fronteiras devem ser respeitadas e religiões existem e existirão, a despeito de qualquer hit, e precisam resgatar sua erudição. Bem, essas implicância final serve de barreira para a avalanche de Imagine, hoje transformada em canção da babaquice politicamente correta. À parte isso, Lennon rox! Adoro Imagine.
RETORNO - Imagem de hoje: Matt Damon em "Ultimato Bourne". O protagonista tenta se esconder no anonimato da multidão, mas é rastreado pela tirania a qual pertence.
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