10 de outubro de 2007

SALTEADORES DE ESTRADAS



Houve uma blitz do noticiário sobre assaltos a estradas nos últimos dias. Está explicado: ontem, conseguiram entregar as rodovias federais, nos seus principais trechos (os mais rendosos em termos de pedágio) na mão dos castelhanos. Por isso diziam que estava ruim, para justificar o assalto maior, à rodovia toda. E dizer que lutamos cinco séculos contra os espanhóis e seus clones para construir um país e deixamos que mega-empreiteiras tomem conta do patrimônio tão suado. É um escândalo que a belíssima rodovia que liga Florianópolis a Curitiba (aquela porção que é um alívio para os motoristas) vá agora para as mãos privadas, que vão encher de pedágios para tungar quem passa nela, ou seja, a população brasileira.

É de vomitar o ar superior que fez o representante da empreiteira vencedora, um sujeito de aspecto lombrosiano, que se denuncia pelo visual de gângster, reconhecer, lá com suas palavras (eu uso as minhas, fruto da minha percepção diante da tragédia) dizer que agora vai meter a mão em estradas cheias de ouro. Vamos pegar a ligação com o Mercosul, disse ele. Quer dizer que levaram décadas para duplicar a BR-101 e agora que o mais difícil está feito entregamos de mãos beijada para uma empresa colocar pedágio em cima? É de uma cretinice bandida inominável. Ninguém reclama?

Cada vez fica mais claro que o Brasil foi completamente dominado, retalhado e entregue à pirataria internacional. O Brasil soberano foi um sonho de uma época distante, que não deixou herança, a não ser essas riquezas todas construídas com dinheiro público que alimentam inúmeros ali babás.

Como então entregamos as veias da nação, as rodovias federais, os caminhos por onde passam pessoas e riquezas, de um valor estratégico gigantesco, que significam o país em sua essência, já que uma nação não existe em territórios separados por pedágios, fronteiras, aduanas, como pegamos o que temos de mais valioso e fazemos um leilão? E o pior, baseado no preço do pedágio que eles vão cobrar, quando sabemos que o preço do pedágio pode mudar conforme a telha dos donos desse negócio sinistro, como assim que eles podem fazer isso enquanto o país fica de pés e mãos amarradas por esta ditadura sem fim, que posa de democracia, com os podres poderes se tratando de excelência em horário nobre?

Como deixamos que os castelhanos, logo eles, tomem conta da telefonia e das estradas e não sei de quê mais? São investidores, é? Agora contem outra. Simplesmente nos negam o direito à sobrevivência, pois enquanto os piratões pegam o suprasumo das vias federais, outros donos de grotões se assenhoram de estradas regionais, menores. Quer dizer que os caras vão mandar em tudo, na vida econômica e no direito de ir e vir? E dizer que temos uma bitola de trem estreito para evitar que os trens dos castelhanos da América hispânica se conectassem conosco para nos invadir! Mas onde estão os estrategistas do país? Não há mais vergonha na nação?

Foi por isso que deixaram as estradas se estagnarem, para poder agora compartilhar o butim que é cobrar de quem usa a rodovia. Vão fazer o quê mais? Privatizar as avenidas das grandes cidades? Vão colocar roleta na frente de casa? Vão te meter a mão nos fundilhos para arrancar teus trocos, como fazem nos bancos com a tal CPMF? O que mais precisa fazer? Vão apertar mais a canga em volta do nosso pescoço? E dizer que lutamos séculos para ter isso, e ainda por cima aturar pessoas que se dizem esclarecidas apoiar este governo, ou os governos anteriores desse sistema de expropriação permanente.

Esclarecidos uma ova. Vocês são coniventes, parceiros da ditadura. Se você acha o presidente uma gracinha, assim como seu antecessor, se você engole todo esse monte de estrume e diz que “pelo menos” temos a bolsa família, então você faz parte da quadrilha. Não me venha de borzeguins ao leito, como diria o português.
RETORNO - Imagem de hoje: Galinhas para o abate, foto de Regina Agrella (link ao lado).

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