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28 de dezembro de 2006
É TEMPO DE PERDÃO
Nei Duclós
É tempo de perdão pelo tempo perdido
É a perda de tempo que nos mantém cativos
Não o tempo sem valor ou a chance fria
Mas o tempo do coração em queda livre
É tempo de perdão pela vida no exílio
Tempo sem razão do obscurantismo
Tempo escoado pela falta de um grito
A fala enterrada do tempo partido
É tempo de perdão pelo que poderia ter sido
Por jogarmos o tempo pela janela de vidro
Onde não vemos o tempo que o vento sibila
E perdemos a canção sem tempo nem brilho
É tempo de perdão pelo poema sem sentido
A palavra que o tempo repassa sem ruído
Pelo tempo que arranjamos longe do espírito
Esse tempo não redime o estranho convívio
É tempo de perdão para dizer meu amigo
De construir uma fogueira do tempo antigo
Que se aviste de longe, no tempo redivivo
E que nos faça curar o tempo e sua ferida
É tempo de perdão no ano que se fina
Tempo de comunhão mesmo que termine
Quando temos tempo no instante tísico
É só um aperto de mão no tempo assassino
É tempo de perdão, venha ter comigo
Algum tempo que desperte a pedra insensível
E que tenha tempo composto no capricho
mesmo que o tempo devore seus filhos
É tempo de perdão e não de arrependidos
É tempo de oração, do pão que é repartido
Lugar comum do tempo, feito de granito
Onde pousamos o rosto do tempo infinito
RETORNO - Imagem de hoje: foto maravilhosa de Regina Agrella, que acompanha este poema feito agora.
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