5 de agosto de 2006

BLOG ESTÁ NA MODA





Capa da revista Época, os blogs emergem como o grande assunto do momento. Diz a matéria que 54 milhões de americanos lêem blogs, ou seja, todo dia vão lá para ver se há conteúdo novo. Existem as estrelas brasileiras, entre elas Noblat e Interney (do qual não tinha ouvido falar) e Rosana Herman, que publica crônicas semanais no espaço Literário, do Comunique-se. Mas ainda é costume, na mídia, enfocar o blog como se fosse um diário. Blog é ferramenta, pode servir para qualquer coisa. Aqui no Outubro, serve como suporte para um jornal, o Diário da Fonte, que existe há quatro anos. Não se trata de meu querido diário, mas colocar no ar todas as pautas encobertas pela mídia tradicional, e misturar os assuntos como bem nos aprouver. Isso não torna o blog algo a ser considerado como uma coisa menor. No Brasil, tudo é reduzido à relação senhor/escravo. Vemos isso nos jornais: os blogs dos jornalistas (com algumas exceções, como o do Josias, da Folha) são apenas o refresco, o plus. O objetivo é manter o poder das redações tradicionais e enquadrar a mídia blog na periferia, na superficialidade. Isso não acontece nos Estados Unidos, onde as coisas são levadas a sério. Aqui, na ditadura, blog é ameaça.

SCRIPT - O espaço Literário, do qual participo sempre às quartas-feiras (ultimamente, tenho divulgado lá uma série de poemas, dando um tempo na prosa, memórias e contos) realiza velho sonho dos jornalistas brasileiros que divulgar suas produções sem a interferência da imprensa que fazem para viver e por vocação. Nos Estados Unidos, há muito que essa dicotomia foi resolvida. Leio sobre John Berendt, autor do best-seller (por quatro anos na lista) Meia-noite no jardim do bem e do mal. Ele é jornalista de revistas importantes e começou com um artigo antes de transformar a história da pequena Savanah, na Georgia num livro que acabou nas mãos de Clint Eastwood. Muitas produtoras de filmes já estão comprando ou compraram editoras inteiras. Há uma voracidade por textos, narrativas, histórias, scripts.

Dá para viver de escrever por lá, enquanto aqui pagamos o pato de sermos uma sociedade sem fundos, incapaz de produzir seus roteiros originais, pelo menos na maior parte do tempo. Vi pessoas morrerem sem realizar o simples sonho de publicar um livro. Não dá para entender, porque o que vem de porcaria das editoras é impressionante. Conheço pelo menos meia dúzia de livros que deveria ser editados, mas o que tenho em cima da minha mesa na revista onde trabalho são uma tonelada de papel sem conteúdo. Pouca coisa boa chega às nossas mãos. E nas livrarias, o que tem de bom normalmente é caríssimo.

LIVRO - O blog é um drible no sufoco mas não é sua solução. Um livro é imbatível, amigável, para ser consumido com prazer, quando há texto bom. Ler no micro é uma pedreira. Quando ao artigo é longo, imprimo para ler depois. Meus bolsos ficam cheios desses papéis impressos, que se espalham pela casa. Tive uma percepção melhor, por exemplo, do melodrama serial de Luis Antonio Giron, O Crítico Imaginário, que está no seu décimo capítulo no Literário, quando imprimi todo o texto e levei para casa. O narrador é um personagem incrível, jornalista que escreve necrológios e resolve mergulhar na juventude de Qorpo Santo. E a história toda é saborosíssima, com o humor pontuando uma tragédia, o de não termos cultura, ou pelo menos colocarmos a imitação da cultura em destaque. O Literário está servindo para disseminar entre os jornalistas uma produção que estava na sombra e também para que o exercício da literatura avance. Há um espaço para debates muito mal aproveitado. Normalmente há o silêncio montando guarda, algumas agressões, e comparecimentos esparsos. Deveria ser ocupado com míni-resenhas, interação com os autores etc. Mas isso ainda vai acontecer em melhores condições do que atualmente. Por enquanto, é um grande avanço.

RETORNO - 1. Marcelo Min vai casar! Em setembro, no início da primavera. Ontem ele me ligou para informar o evento e dizer que sua agência Fotogarrafa vai de vento em poppa. Grande Min. Felicidades. Min foi o cara que me falou da existência do blog. Seu Footogarrafa é absolutamente pioneiro. Mas isso não aparece na mídia tradicional. 2. Imagem de hoje: Clint Eastwood, John Cusak e Alison Eastwood no intervalo da filmagem de "Meia-noite no jardim do bem e do mal".

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