SUSTO
E se por um decreto não houvesse mais amanhecer?
Um poder secreto não deixasse o sol nascer?
O mundo quieto sem poder mexer um dedo
O Tempo imóvel do avesso e com medo
Para onde iria a comunhão da antiga aurora?
Seria ficção de uma História marginal
Ou lutariamos para erradicar o Mal
Que seleciona sem nos abastecer
E que nos tira alegando ser destino
Nos convencendo que sempre foi assim
E se não foi melhor que se combine
Essa nova eternidade
De imposta rebeldia
E não adianta gritar para o Divino
Porque a Luz migrou feito um peregrino
E não teremos mais canto de passarinhos
Anunciando o que deixaria de existir
Mas duvidamos que isso possa se abater
Em nossa vida que não cansa de sofrer
Basta esperar que a noite amadureça
E não se esqueça da vocação solar
Que toda treva tem no ventre e na cabeça
Eis que veio a estrela depois de se esconder
E nos dar um susto fingindo não voltar
Só para que a gente confesse nosso amor
Pela iluminação que verte do Senhor
Nei Duclós
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