Páginas

29 de julho de 2024

SUSTO

 SUSTO


E se por um decreto não houvesse mais amanhecer?

Um poder secreto não deixasse o sol nascer?

O mundo quieto sem poder mexer um dedo

O Tempo imóvel do avesso e com medo 


Para onde iria a comunhão da antiga aurora?

Seria ficção de uma História marginal

Ou lutariamos para erradicar o Mal

Que seleciona sem nos abastecer

E que nos tira alegando ser destino 

Nos convencendo que sempre foi assim

E se não foi melhor que se combine

Essa nova eternidade

De imposta rebeldia


E não adianta gritar para o Divino

Porque a Luz migrou feito um peregrino

E não teremos mais canto de passarinhos 

Anunciando o que deixaria de existir


Mas duvidamos que isso possa se abater

Em nossa vida que não cansa de sofrer

Basta esperar que a noite amadureça 

E não se esqueça da vocação solar

Que toda treva tem no ventre e na cabeça 


Eis que veio a estrela depois de se esconder 

E nos dar um susto fingindo não voltar

Só para que a gente confesse nosso amor

Pela iluminação que verte do Senhor 


Nei Duclós

Nenhum comentário:

Postar um comentário