Nei Duclós
Troco a noite pelo dia
Durmo na hora do almoço
Acordo perto da lua
Vou trabalhar na madruga
Visto pijama na esquina
Puxo coberta às duas
Da tarde fria sem nuvem
Um hábito tão bizarro
Surgiu sem nenhuma culpa
Talvez seja o meteoro
Ou as mudanças do clima
Todos notaram mas calam
Respeitam o louco da rua
Tomo banho de caneca
Quando bate a ventania
Depois volto para casa
Cumpro rígida rotina
Bato relógio do ponto
Na cama onde fantasio
Sou o próprio vagabundo
Na cidade dos distintos
Todos jantam no crepúsculo
Eu lancho na Ave Maria
Café preto com torradas
Num avesso de alvorada
Meu corpo é roupa de gala
Minha sesta é a poesia
Nei Duclós
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