Nei Duclós
O Estrangeiro, de Albert Camus, é um suicídio: o francês
argelino mata o árabe que há dentro dele.
Mersault é funcionário público, função que provocava pânico
em Camus por ser um destino definitivo. Camus precisou arriscar, ou seja,
romper com o que parecia estar escrito para ser um escritor.
Seu personagem atribui o crime ao absurdo, mas é tributário
da lógica. A morte da mãe, evento ao qual dedicou total indiferença, não fora
suficiente para libertar-se da África. Era preciso culpar o clima, o calor
excessivo da sua verdadeira pátria para disparar quatro vezes, cego pelo sol,
contra o Outro, que era ele mesmo.
Para Camus, o suicídio era o dilema principal da condição
humana.
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