13 de maio de 2019

CAMUS ATIRA NELE MESMO

Nei Duclós

O Estrangeiro, de Albert Camus, é um suicídio: o francês argelino mata o árabe que há dentro dele.

Mersault é funcionário público, função que provocava pânico em Camus por ser um destino definitivo. Camus precisou arriscar, ou seja, romper com o que parecia estar escrito para ser um escritor.

Seu personagem atribui o crime ao absurdo, mas é tributário da lógica. A morte da mãe, evento ao qual dedicou total indiferença, não fora suficiente para libertar-se da África. Era preciso culpar o clima, o calor excessivo da sua verdadeira pátria para disparar quatro vezes, cego pelo sol, contra o Outro, que era ele mesmo.

Para Camus, o suicídio era o dilema principal da condição humana.



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