27 de agosto de 2018

O INTRUSO

Nei Duclós


Você é uma outra pessoa
Que já existia sem que eu visse
Agora descubro o papel estranho
Desempenhado pelo amor, o intruso

Você faz jogo de cena
Distribui diálogos sem testemunhas
A toda hora me corrige para manter distância

Procuro lembrar a origem do meu engano
Foi o teu rosto, tua vertigem
E eu que sempre temi altura

Hoje passo em vão por tua rua
Um cão vagabundo me persegue
Escuto palmas, alguém se manifesta
Depois emudece, como o coração à toa não se aproxima



Nenhum comentário:

Postar um comentário