Nei Duclós
Você partiu, já era
tarde
Eu tinha posto as cadeiras
no por de sol sobre o rio
Mas a viagem se confirmou
pelo apito do trem
A coruja piou chamando a lua
enorme, laranja, como no verão
seu balão de gás se manifesta
Ela assomou sobre o horizonte
de prédios baixos
O forro das estrelas era um estranho
cobertor pontuado de satélites
Fiquei sem sua imagem
de cabelo preso com laço
e vestido em tom suave
Amanheci no sereno
em frente ao portal onde moramos
Aguardo o correio
e sua impiedosa loteria
Talvez o rádio traga notícias tuas
Estou bem, poderias dizer
na voz empostada de um anúncio
Volta, amor, digo baixinho
para as folhas varridas
junto com as flores da estação
Leva, vento, as palavras
que ela me envia do seu exílio
Venha, coração, para perto
Talvez faça frio
nesta espera a descoberto
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