15 de maio de 2016

ADVERTÊNCIA




Nei Duclós


O clima, a que chamamos tempo
está dentro de nós, em estações
de gelo, que se derretem junto
ao sol em oblíquo movimento
ou em linha reta sobre o solo

Mas é sempre frio, complexo
polar, penhascos antárticos
despencando em icebergs
submersos, ventos negativos
em migração perene

Círios cobrindo a planície
antes e depois da guerra
a insurgência do humano
diante dos eventos
tufões, tornados, sirenes

Os antílopes são o pulo do leão
antes do bote, assim como aves
migram junto com os náufragos
É nossa alma que produz o fogo
e o cristal que corta a superfície

Mudo verão em primavera
outono em monções, siroco
em via férrea, minuano sobre
alçapões onde aguardam
exércitos de roupas sem costura

São os trapos da passagem
que tremulam nos desertos
Passa o trem da nossa sorte
na cabina apitamos o poema
como aguda advertência

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