30 de novembro de 2014

DELTA



Nei Duclós

Por que de domingo te batizo
dia como os outros, sol no aprisco
nuvem pastoreando o infinito
carruagem precoce do vento?

Será por tua herança bíblica
ou pelo calendário rítmico
todos ao redor do fogo, corpo
coletivo concêntrico, pira

que acende no amanhecer
e se despede quando enfim
encerra dezembro o ano findo
e tudo volta ao berço de vime?

Desliza o profeta ainda menino
a raposa escuta seu balido
os insetos perduram indecisos
no ar do gênesis, deus criança

O tempo desliga das raízes
a poesia retoma, verso livre
rima é a carranca de francisco
a moldura assume o conteúdo

Não há desfecho em rumo cíclico
voltamos ao rio, perfil da semana
o mecanismo do verbo recupera
o que se foi, delta em paraíso



Nenhum comentário:

Postar um comentário