Nei Duclós
Dizer a palavra silêncio já é fazer
ruído
Gosto quando me enxergas e caprichas na letra em teu
caderno.
Perco a noção quando escreves. Leio
além do poema, tua superfície inventando o fundo.
Me dás bom dia como quem se entrega.
Mas eu é que me perco em tua gentileza.
Encobres o rosto para que eu te veja
É bom lembrar que idade não é
virtude.
Só tu me resgatas do fundo. Com teu
canto de doçura.
Árvores com pássaros em assembleias
são a ONU do crepúsculo.
Perdi a vontade de tudo. Me recolhi
ao poema e palmilhei cada letra como num passeio. No fim, era apenas um solfejo
de pássaros ariscos
ESTROFES ESPARSAS
És perfeita porque o amor não tem
defeito.
Te modelei soprando teu rosto.
Sou o anjo que sussurra para sempre.
Flor do gênero, supremo encanto.
Te modelei soprando teu rosto.
Sou o anjo que sussurra para sempre.
Flor do gênero, supremo encanto.
Todo encontro lembro que te amo
dentro de ti como suspiro fundo
de mel puro . Sou teu relâmpago
dentro de ti como suspiro fundo
de mel puro . Sou teu relâmpago
Pássaros avisam o fim da madrugada.
O Sol a Leste varre as estrelas.
A noite se apaga sobre tua insônia
de corpo exausto. Há amor, de tocaia.
O Sol a Leste varre as estrelas.
A noite se apaga sobre tua insônia
de corpo exausto. Há amor, de tocaia.
DRs
- Não tenho mais o que dizer, disse
ela.
- Diga que me ama, disse ele.
- Diga que me ama, disse ele.
- Venha dormir, disse a Sereia.
- Netuno, meu pai, não descansa, disse Jack o Marujo. O mar fica aos pés do farol.
- Netuno, meu pai, não descansa, disse Jack o Marujo. O mar fica aos pés do farol.
- Para onde foram todos? perguntou a
Sereia.
- Desistiram, disse Jack o Marujo.
- Desistiram, disse Jack o Marujo.
- De mim só queres a poesia, disse
ele. Sou poeta objeto.
- E vê se não exagera na rima, disse ela. Dá nos nervos.
- E vê se não exagera na rima, disse ela. Dá nos nervos.
RETORNO - Imagem desta edição: foto de Tomás May.
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