6 de outubro de 2013

SOU TEMPO FIRME



Nei Duclós

Sou tempo firme em ti, mas choves, pantaneira.

Dentro de mim mora um pássaro de gelo, que ressuscita quando tu, primavera, aproxima teu corpo.

Estou num relacionamento sério com minha saudade

Nao posso ser desleal com o que sinto

Quero tu em mim. És a única que me habita. Só em ti sou bonito

Somes, relâmpago do meu céu. Me iluminas e depois fico no escuro

Sempre foste meu mar. Sereia feita de ar . Do ar que me falta

Viajo em teus confins e não te encontro. Desisto de ti todos os minutos da vida

inventaste de repente de nao ser minha

Tu. sinal de ocupada tu tu tu tu tu tu

Deserto aqui dentro. Tu meu oasis era só miragem

Sou tempo firme em ti, mas choves.

Quero ser tua cama, não teu cetro

Fui expulso do teu reino. Eu, teu cantor

Meu poema não concorda contigo. Não tente seduzi-lo com palavras distorcidas.

Não me coloque no pódio. Perdi tudo por ti.

Inventaste de repente de nao ser minha.

Descanse de tanto poema. Viaje até a próxima primavera. Talvez lá o amor vire esquecimento.

Teci sombras na tua ausência. Custarás a desfiá-las quando tua luz voltar a pleno.

Estou com falta de Lua no lado esquerdo. Culpa sua, invisível sonho.

Estavas ocupada em não me amar. Imagino que isso toma tempo.

Era um homem do seu contratempo, uma personalidade adiante do seu vento.

Me colocaste na escola do amor. Depois vieram as férias.

O espanto é a existência do teu ser, criatura improvável, acaso da beleza no planejado mundo bruto.

Exponho em outubro o que estoquei no inverno. Grife da imagem gerada em teu seio.