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23 de março de 2012
O RIO NÃO MORRE
Nei Duclós
Não se mata um rio
como não se enterra
um morro
Como a fogueira
não se põe no bolso
Como um leão
não pede socorro
Um rio terminal
é a soma da baba
do rebanho
viscoso no que tem
de sono
aéreo no que tem
de sonho
O mar recebe o rio
feito de escombros
O mar pode morrer
(Netuno exangue)
Não por obra do rio
que guarda o sopro
Envenenado talvez,
mas nunca morto
Um rio sobrevive
sem suas vertentes
Um rio pode seguir
sem ser corrente
Um rio não é a escama
de nenhum peixe
Ele será sempre o rio
da minha infância
O Uruguai antes
do saque
touro frente à lua
surra de gigante
Nesse rio sem fim
mora meu povo
Cobre de minuano ao frio
Charrua de invencível
lança
Não se mata um rio
O sol não cabe
numa estante
A eternidade acampou
e faz a ronda
RETORNO - Imagem desta edição: Rio Uruguai, foto de Anderson Petroceli.
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