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11 de novembro de 2011
HORIZONTE, RASGO DE LUA
Nei Duclós
No cais, o vento ondula o vestido apertado pelas mãos que abraçam rosas. As que deste prometendo voltar.Ela te seguirá sentindo o perfume
O horizonte é um rasgo no mar de onde se liberta a Lua cheia. Todas as criaturas se dissolvem. Fica apenas a musa, enigma do verbo
Já passou, disse a deusa. A Lua cheia agora se recolhe. Ficas com seu brilho impregnando o poema. Não o desperdices
Você se entrega ao sono de costas para a Lua cheia, mas ela vem assombrar teu sonho e tu acordas com o amor fazendo cena
Maravilha é saber que a chuva foi obra da Lua cheia, em conluio com o vento, para afastar a ciumeira das nuvens que impediam seu passeio
Esqueci que hoje é Lua cheia. Não olhei para o alto. Notei a planície iluminada por teus olhos e a presença gigantesca do teu voo.
A coruja se anima, talvez celebrando a meia noite. Ou então assustando os outros predadores que estão de olho em suas presas
O céu faz uma tenda sobre a cidade que dorme.Poucos estão na rua e se recolhem às palavras sussurradas,rumor de um rio que afundou há tempos
Todos pousam nesse lençol de feltro que forrou a noite depois de uma semana brutalizada pelo sol a pino. Cama repartida com todos os sonhos
Deixo passar o que digo porque somos mensagens trocadas entre os anjos. Depois alguém traz o bilhete com o verso que fiz enquanto te beijava
A noite ficou lavada de chuva e exibe o frescor de passeios que impregnam as narrativas nas rodas em que esfregamos as mãos de tão felizes
Agora a chuva pesa como se estivesse guardando o úbere das nuvens que decidiram esconder a Lua cheia
Que boa essa chuva miúda que chega no fim de dias de mormaço ardido e traz cheiro de mato e maresia, com trovões dos confins do clima
RETORNO – Imagem desta edição: Le baiser volé “O beijo roubado”, de Jean-Honoré Fragonard
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