9 de abril de 2004

O LIVRO COMO PRODUTO

Marco Roza deu uma aula de marketing cultural com o que escreveu sobre Universo Baldio na sua coluna na Istoé Dinheiro. Não é uma tarefa fácil. O que dizer de um produto como um livro, que envolve inúmeras variantes? O objeto livro é, em primeiro lugar, destino do autor, sua vocação e criação. E principalmente, investimento da editora, em papel, em divulgação, em credibilidade, em equipe envolvida (muita gente participa da produção). E o leitor com isso? Aí entra a especialidade de profissionais como Marco Roza, que deu sua contribuição com absoluta sinceridade e por livre e espontânea vontade.

APOIO - O autor de Procurar emprego, nunca mais, que prega a independência da cidadania e mostra eficientemente o caminho de como cortar os laços da escravidão financeira e profissional, me telefonou indignado:
- Como que você lança um livro e nem me comunica? Envie imediatamente um exemplar para cá!
Era verdade! Marco Roza está tão próximo de nós que isso tinha nos escapado! Um erro que remendei rapidamente. Na dedicatória, pensando em escrever algo diretamente ligado ao trabalho de Marco Roza, descobri que os personagens do livro estão todo o tempo desempregados ou procurando emprego. Mas ele nem deu importância para isso. Vamos reproduzir o que escreveu: "Trabalho e Sabedoria: O homem como referência de seu mundo – Li Universo baldio, do Nei Duclós (do selo Francis, da W11 Editores). Levei uma tremenda porrada poética, no meio da testa, e estou ainda catando os cacos. Se você gosta de ler o mundo pela alma de personagens complexos, corra até a livraria mais perto de sua casa ou encomende nos grandes sites. Depois, tranque todas as portas, recolha-se a um ofurô (se tiver) ou consiga aquele estado de relaxamento que só a epiderme alheia e querida permite, e mergulhe no Universo baldio. Não deixe seu analista saber desta sua terapia alternativa. Mas se ele reclamar, demita-o. Com o dinheiro economizado, compre mais Nei Duclós e saia pelo mundo distribuindo reflexões, que impressionaram gênios como Raduan Nassar e Mario Quintana". Ou seja, aguçou a curiosidade do leitor, destacou as vantagens de ler o livro e deu o embasamento: a força que recebi de Raduan Nassar e Mario Quintana.

ATENÇÃO - O genial poeta Mario fez um prefácio para meu segundo livro de poemas, No Meio da Rua, do qual pincei uma frase. E Raduan teve a gentileza de aceitar meu convite para ler os originais e depois emitiu sua opinião, por escrito, em carta enviada por fax. A participação do maior escritor do Brasil no meu romance de estréia é definitiva: ele analisou a fabulação e notou a diferença entre os dois tempos em que se divide o livro. Destacou a síncope narrativa da primeira parte e na segunda, a presença de Honório de Lemos, o grande caudilho da minha terra que estréia agora como personagem literário. Trata-se de um Honório criado por mim e isso está dito no romance. Um personagem que põe a história contra a parede. No dia em que telefonei para Raduan e contei alguns trechos do livro e comentei que seu isolamento era muito precário, pois tinha descoberto seu paradeiro, o grande escritor não parou de rir. Disse Raduan: “Você salvou meu dia! Não sabia que você tinha tanto bom humor”. Ou seja, contei com a generosidade de Nassar, Quintana, Marco Roza, e especialmente do nosso editor e amigo Wagner Carelli e toda a equipe que ele montou na W11 Editores. Que trabalhou duro e me cercou de atenção.

RETORNO – Não contente com tudo o que fez, ainda Marco Roza me envia o retorno de uma leitora sua: “Dom Nei, eis a manifestação de uma leitora: "Gostei demais da tua entrevista, diria até, artigo e como disse irei procurar estes dias Nei Duclós. Obrigada. Maria". Nosso querido colunista, que recentemente deu uma entrevista para o Fantástico, da Globo, tem esse hábito de tratar seus considerados por Dom. Na minha interpretação, uma forma de sermos nobilitados pelo privilégio da sua amizade.

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