Nei Duclós
Hora de recolher o lixo
dentro do corpo partido
Parto de ar que se fina
em memórias de granito
Distrair a palavra no circo
de um renovado convite
Moro agora na paisagem do alívio
Trabalho para mais de uma vida
As ruínas ainda persistem
mas ficam além do martírio
Virei duro especialista
de uma ciência ainda no início
Mundo feito de escudos
emerge sobre o monturo
Hábitos que me desistem
Certezas de vulcão extinto
Como se eu fosse alienígena
de um planeta sem batismo
Combino com os semelhantes
o instante da semeadura
Terreno estéril sem planos
água escassa na cacimba
A verdade vem à tona
sem tempo para a vingança
Escrevo sobre as paredes
que balizam meu remorso
Nada resiste ao escombro
a não ser a nossa força
Acordo fora da sombra
O sonho vem em socorro
(Poema sobre o mundo pós pandemia)
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