26 de agosto de 2019

A REVELAÇÃO


Nei Duclós


Eram muitos deuses porque o trabalho árduo
de vestir a terra de canais e monumentos
Mais os altares e as montanhas imitando templos
Com suas torres e terraços amplos
Precisava de mãos e da vontade dos gigantes

Eles então criaram a obra
Que hoje é só vestígio de ancestral espanto
Deixaram as pedras com formas ignotas
E rostos enormes de olho no horizonte

Tudo o que hoje pisamos é sagrado
Deuses provisórios se esforçaram
Para merecer a grandeza da primeira santa
E anunciar pela voz do arcanjo
a vinda de um Deus, síntese e convênio
Nascido de uma estrela de oriental comboio

A revelação é nossa epifania
Herdamos o eco de um Amor sem fundo
Não dá pé esse mar de corais extremos

Diante da criação somos todos mudos
a oração contrita expressa num mergulho
Deus está vendo e vive no comando
Aguarda o tom humano que resta neste mundo


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