Nei Duclós
Joguei fora as silabas
Para ficar só com a palavra
Peixe sem embalagem
No balcão transparente da linguagem
Evitei assim gaguejar o sentido
Que cometemos ao retalhar a carne
Foi o jeito de preservar o todo
sem as partes que lhe atrapalham
Depois, deitei sobre o entulho
Observando as aves
Lá se vão as frases que flutuam
Sem a liga das letras em sua margem
O verbo sem a roupagem
Que o faz invisível no discurso
É voz de criaturas flagradas
Soprando nos ouvidos seus abusos
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